Meditar é separar-se dos objetos e dos seus significados. Quando você está diante de um objeto – seja ele uma palavra ou uma imagem –, imediatamente surge um significado. O que é o significado? O significado é o resultado da sua cultura, do seu aprendizado, da sua educação, do seu treinamento, do seu condicionamento... Se um objeto que você nunca viu é colocado diante de você, obviamente ele não terá nenhum significado – é daí que surgem as perguntas: “o que é isso? Para que serve isso?” Se algo conhecido é colocado diante de você, e recebeu um significado bom, você sente-se bem. Se for algo que tem um significado ruim, então você se sente mal. Esse processo é altamente manipulador! Meditação é observar esse processo!
Mas para que serve a meditação? Qual o benefício de observar esse processo? Em primeira análise é para percebermos que não somos esse processo. Se não somos os processos, então estamos livres deles.
Que processos são esses que estou me referindo? Tomemos um exemplo para nos basearmos:
Imagine uma brasileira jantando em um restaurante em Portugal, quando de repente, na mesa do lado, um português olha para ela e diz: “você é uma bela rapariga!” Nessa situação a palavra RAPARIGA é o objeto sonoro, e o significado dessa palavra para a brasileira equivale à prostituta – embora não seja isso para o português. Então ao ouvir essa palavra, a brasileira se ofende porque ela se coloca como o significado, e não como a observadora. Essa é a dificuldade e também a raiz do problema humano: pensar que é o significado e esquecer que é o observador.
Assim, meditação é o meio para fazer com que o objeto e o significado percam a influencia, o poder sobre você. É o meio de libertá-lo da manipulação...
sábado, 19 de novembro de 2011
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2 comentários:
É algo que requer muita força espiritual,pois o mundo material é muito barulhento e cheio de conceitos predeterminados incultidos em nossas mentes. há um caminho que podemos seguir para chegamos nesse estagio de plena meditação?
Querido amigo anônimo,
O caminho é o do desapego - mas cuidado para não se apegar ao desapego. Se entendermos que somos apenas a consciência, onde tudo entra e sai, não ficaremos incomodados nem com o sol, nem com a lua; nem com a ausência do barulho, nem com o barulho... Assim, não devemos nos apegar, nem rejeitar nada pelo caminho. Devemos continuar no caminho, andando, andando, sem nos apegar a nada - nem sentimento, nem pensamento... Progredindo no caminho rumo ao mais profundo interior, de repente a meditação acontece.
Abraço do amigo,
Edson Carmo
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