terça-feira, 17 de março de 2009

NÃO SOU PROFESSOR DE PORTUGUÊS

Eu escrevo, mas não sou um erudito, nem mesmo um acadêmico. Eu não sou culto! O que digo, é a minha composição. É, eu não falo da alegria conceitual, eu falo da minha alegria; eu não falo da palavra amor e seu significado, eu falo do meu amor... Que todos saibam que eu não falo da alegria, nem do amor do Aurélio ou do Michaelis. Sempre que falo, falo o que sou. Mas as pessoas que me lêem sempre tentam transformar minhas palavras em regras de português. Esse é o trabalho dos letrados: destruir tudo que é original. Letrados sempre querem dar uma certa forma ao texto, um certo padrão e estrutura. Eles sempre condenam muitas coisas – esse é o condicionamento mais básico deles. É claro que eles estão tentando ajudar o texto! É claro que eles querem tornar o texto mais bonito, mais correto, mais intelectual... Mas o que posso fazer, se eu sou um homem rústico, bruto, selvagem? Ora, se o que digo for aparado aqui e ali, então não sou eu quem estou dizendo. Eu sei que as intenções de tais pessoas são boas, mas são essas intenções que sempre distorcem o que é original. Portanto, quando lerem algo que escrevi, não tentem melhorar, não tentem mudar. Deixe como está. Cru, selvagem, repetitivo, errado, o que quer que seja, deixe como está! Porque tudo o que você fizer prejudicará o que estou tentando dizer.

Edson Carmo

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