quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O AMOR NÃO É UMA DROGA


Não chame o amor de droga! Não faça do amor uma droga. Droga, é qualquer coisa em que você se esquece de si mesmo, qualquer coisa em que você perde a consciência, qualquer coisa em que você fica viciado, dependente. Um drogado é sempre alguém que optou por sair da consciência. Ele quer sair da consciência para ter um pouco de felicidade. Ora, o desejo verdadeiro do homem é a felicidade, ele busca a felicidade, mas não a acha porque não sabe como ela é. Geralmente, quando um homem se apaixona por uma mulher, por um tempo ele fica muito feliz, mas a sua paixão é apenas uma droga, uma droga que os hormônios corporais criam dentro dele, uma droga biológica. Ora, a natureza precisa fazer isso, ela precisa fazer o homem procriar! Pense: se não existisse a química, o tesão, haveria procriação? O sexo seria insuportável, nojento, se não fosse os intoxicantes que o estimula.
O tesão é uma droga, uma espécie de isca. Quando o homem está com tesão, a natureza está fazendo um truque, ela está dando alguma droga, liberando alguma droga em seu corpo. Existem glândulas dentro do nosso corpo de onde as drogas são liberadas. Porque o desejo verdadeiro da natureza é a criação, mas o homem tem feito do sexo uma perversão, uma destruição – é todo mundo querendo “comer” todo. E não importa se há amor! As pessoas pensam que estão amando, mas elas estão drogadas, por isso depois de algum tempo, quando o tesão se vai – porque nenhuma droga pode durar para sempre –, quando a lua-de-mel acaba, o efeito da droga passa e as pessoas tem que encarar a realidade. Daí começa os problemas, porque tudo o que foi prometido, foi prometido em profunda inconsciência, quando a pessoa estava drogada.
Agora que prometeu a pessoa vai ter que cumprir as promessas e essa é a miséria dos relacionamentos. Quando é que um relacionamento não da certo? Quando ele não é um fenômeno consciente! Ora, se você ama consciente, o seu amor será eterno. Se você tenta amar inconsciente, você nunca descobrirá o amor. Portanto, ame com consciência, não como uma vítima dos truques da biologia. Então, o próprio amor será uma união, e não uma divisão; uma ação criativa, nunca destrutiva. Amando, você gostará de estar com a pessoa amada, mas não a usará, não a possuirá. Você a libertará, e por libertá-la, você também se tornará livre, liberto. Experimente! É muito bom estar com alguém com quem se possa compartilhar cada sofrimento, cada dor, cada vitória, cada deleite.
É muito bom estar com alguém com quem se possa falar o que aconteceu com você; uma pessoa que você sabe que o ajudará, não importa o que você tenha feito. Uma pessoa que você sabe que o amará seja qual for a situação em que você esteja inserido – seja ela boa ou ruim. É muito bom estar com uma pessoa que dela você não precisa esconder nada, que você possa estar aberto e até mesmo vulnerável – porque você sabe que ela nada fará de mal a você. O amor não é uma droga. A fuga não é crescimento e todos as drogas são fugas. Não chame o amor de droga. O amor não é um mero prazer, ele é uma beatitude. Os prazeres são hábeis em nos levar a inconsciência.
Quando estamos num estado de prazer, as nossas ansiedades não desaparecem; por um momento perdemos a consciência delas, mas o mundo permanece o mesmo, as ansiedades continuam a existir e crescer, elas estão esperando por nós. Então lembre-se: Prazer pode ser fuga, nem todo prazer vale a pena. Existem prazeres que não são mais que um tipo de suicídio, e o amor não é este prazer que mata, o amor não deixa inconsciente, não aprisiona a liberdade e nem o crescimento de ninguém. Você pode ser muito feliz a menos que você não ame de verdade. O amor não pode ser experimentado na inconsciência, abandone as drogas, viva com consciência.

Edson Carmo

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